sábado, 20 de março de 2021

 O Teatro das Cantigas de Roda

Quanto mais brincávamos de "Roda" na infância maior a influência recebida para o palco teatral.

Esta foi minha conclusão há poucos dias quando, cantarolando uma musiquinha das brincadeiras infantis, percebi que fazíamos toda uma apresentação teatral.

Cantava eu enquanto as imagens vinham do passado. E me vi criança.

- "Quero me casar com vossa filha genuflê, genuflá..."  E era feito o genuflexo dobrando-se o joelho`a frente da criança que representava o pai.

 Ao puxar a memória, não foi difícil lembrar-me de outras canções de roda e percebi que a quase totalidade era formada de diálogos e interpretações.

Em "Ciranda, Cirandinha", temos jogo de corpo, cirandando e contracirandando. Tem uma história completa e tem a interpretação final com a criança recitando e puxando outro participante  para entrar no jogo.

- "Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar,/Vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar.../ Por isso Mariazinha entre dentro desta roda,/Diga um verso bem bonito, diga adeus e vá embora". Tudo coreografado espontaneamente.

Quem não lembra da "Linda Rosa Juvenil"? Outra história completa, cantada e interpretada pelas crianças? Assim também: "Onde Está a Margarida"? , "A Carrocinha Pegou Três Cachorros de uma vez", "Fui no Tororó",  "De Abóbora faz Melão", "Vamos Passear no Bosque Enquanto Seu Lobo Não Vem"

Sempre soube ter herdado o gosto pelo palco de minha mãe que chegou a ser atriz mambembe, pois saía em grupo para apresentarem-se em clubes de cidadezinhas do interior. Mas percebo agora que ela e eu tivemos a melhor influência teatral que poderíamos ter. As cantigas de roda, seus diálogos, suas coreografias. 

Brincando de "Roda" aprendemos na  escola da rua que nos ensinou as interpretações das cantigas  de roda.


Suely D. Canero - março 2021